Por Ana Laura Gomes
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Entre os dias 12 e 15 de janeiro, Porto Velho foi palco do III Encontro do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, reunindo mais de 100 jovens representantes de 30 povos de todo o estado, sul do Amazonas e noroeste do Mato Grosso. Este encontro, que se tornou uma importante plataforma de diálogo e mobilização, discutiu pautas cruciais para as comunidades indígenas e fortaleceu a voz dessa juventude na luta por seus direitos, como saúde, educação e articulação política.
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A programação do evento propôs debates importantes como o Marco Temporal. Nela, lideranças como Txai Surui, Marcy Tupari, Samela Sateré-Mawé e Tukumã Pataxó compartilharam insights e perspectivas sobre as ameaças enfrentadas pelas comunidades indígenas diante da proposta do Marco Temporal, discutindo a importância de se preservar os territórios ancestrais.
Educação Indígena e Saúde Indígena foram abordados em mesas específicas, com a participação de representante da UNIR e do DSEI Porto Velho, que abordaram as dificuldades e os avanços na atual conjuntura dos governos federal e estadual.
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Às emergências climáticas foram tema da mesa que discutiu clima e os resultados da COP 28, com a participação de Txai Suruí, Neidinha, Bitaté Uru-eu-wau-wau, Ubiratan Surui, Thiago Guarani, Tukumã Pataxó e Samela Satare-Mawé, sendo colocado a importância do movimento indígena e socioambiental se prepararem para a COP 29 e a COP 30, devendo os movimentos promoverem encontros, eventos e reuniões preparatórias com os jovens indígenas e urbanos.
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A mesa que tratou do tema das eleições municipais, trouxe os desafios que os movimentos indígenas e socioambiental enfrentarão nos próximos 4 anos, e o quanto é importante a participação dos jovens e das mulheres indígenas na política, para que se possa garantir os direitos indígenas diante dos retrocessos que estamos vivendo no Congresso Nacional.
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O último dia foi dedicado ao planejamento das ações do movimento indígena promovendo a reflexão e a tomada de decisão para garantir o maior número de indígenas no ATL – Acampamento Terra Livre 2024, nas COP 29 e 30, e como preparar a juventude para as eleições, sendo pensado ainda formações e treinamentos.
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Um grande momento do encontro foi quando o Movimento da Juventude Indígena, a Associação de Guerreiras Indígenas de Rondônia e a Organização dos Povos Indígenas de Rondônia e noroeste do Mato Grosso decidiram fazer uma aliança para atuarem juntas na defesa da causa indígena e do meio ambiente.
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O momento final do III Encontro foi marcado pela eleição da nova coordenação. Num ato simbólico, Txai Suruí passou o cocar, o arco e flecha para as mãos de Walelasoekigh Suruí, sua sucessora, que assume a coordenação do Movimento pelos próximos três anos, ao lado da vice-coordenadora Marciely Tupari, após voto dos representantes de mais de 30 povos presentes no encontro.